Trauma dental: como diagnosticar e instruir pacientes

janeiro 12

Estudos revelam que uma em cada duas crianças sofre de traumatismo dentário, ocorrendo com maior frequência entre 7 e 12 anos, acometendo mais o sexo masculino. O tipo de lesão mais comum é a fratura coronária, geralmente devido a um acidente, prática desportiva ou até mesmo violência. Na maioria dos traumatismos dentários um tratamento rápido e apropriado pode diminuir seu impacto, tanto no ponto de vista da saúde bucal como estético. As novas tecnologias e uma melhor compreensão do processo inflamatório tem apropriado um enfoque mais conservador no tratamento dos traumatismos dentários.

O tratamento de urgência das lesões traumáticas talvez seja aquele que mais exija do dentista: discernimento, experiência, habilidade, paciência, acuidade e precisão na tomada de dados coletados do paciente e da condução da terapia mais adequada.

Infelizmente, as lesões traumáticas são mais frequentes em crianças e jovens, tanto as da fase pré-escolar como as pré-adolescentes, alertando ainda mais para a necessidade de conduzir cada caso com muita atenção.

De acordo com a Associação internacional de Traumatismo Dentário (IADT), consciente da complexidade do tratamento dos traumatismos, desenvolveu um protocolo. Resumidamente o cirurgião-dentista pode seguir os seguintes passos para o diagnóstico:

  • Exame neurológico básico: é realizado através de sinais vitais, observações visuais clínicas e relatos do paciente quanto a visão dupla, náusea e vômito, amnésia, cefaleia e tontura. Nesses casos, encaminhar de imediato para atendimento médico, em nível hospitalar.
  • História médica do paciente: caso o mesmo tenha alguma alergia medicamentosa, problemas sistêmicos e grau de imunização a tétano.
  • História do trauma: para saber como, quando e onde ocorreu o acidente, sendo de suma importância para o tratamento imediato mais correto. Estar alerta para regiões laceradas de lábio e língua, fraturas ósseas, indicando até, áreas com fragmentos “escondidos” na mucosa.
  • Exame extraoral: análise de laceração facial, edema, fragmento de objetos, disformia facial, investigar dores na articulação, luxações e fraturas.
  • Exame intra oral:
    1. Tecidos moles: palpação destas áreas pode revelar fraturas alveolares ou ósseas, até mesmo presença de objetos dentro dos tecidos moles, complementados com exame radiográfico.
    2. Tecidos de sustentação: deve ser realizado cuidadosamente preservando as estruturas dentárias e suporte remanescente. Observar a inserção do dente no alvéolo, posicionamento e alinhamento. Avaliar os dentes quanto à mobilidade, graduando de menor mobilidade (zero) a maior (três), anotando no prontuário do paciente. Checar qualquer fratura dental, lembrar de olhar o arco oposto à traumatizada e fazer testes de percussão horizontal e vertical, e palpação.
  • Exame radiográfico: Deve ser feito na área definida pelo exame clínico inicial e no arco oposto avaliando a estrutura dental remanescente e verificar quais dentes envolvidos. Em caso de trauma de dentes decíduos, avaliar o germe do dente permanente.

Como instruir os pais e responsáveis perante uma fratura e avulsão dentária

É de suma importância que os pais e responsáveis saibam como reagir no caso de um acidente. E o dentista pode instruí-los de uma forma mais informal, para ajudar nessa etapa tive o cuidado de escrever o restante do artigo de uma forma mais descontraída para que os pais entendam melhor como proceder nessas situações.

Existem vários tipos de traumatismo que podem acontecer com os dentes, tecidos moles e ósseos. Para cada caso há uma indicação de tratamento.

As maiores complicações devido a traumas, tanto nos dentes de leite como nos dentes permanentes, acontecem por falta de atendimento imediato no consultório odontológico.

A primeira atitude a ser tomada é: Manter a calma.

Em caso de:

  • Avulsão

É muito comum, devido ao impacto muito forte, o dente permanente sair da boca (avulsão) e cair no chão. Nesse momento, deve-se recuperar o dente e colocá-lo em um recipiente com soro fisiológico ou água, por exemplo. Lembre-se de apenas enxaguar o dente sem esfregar, apenas para tirar o excesso de sujeira.  Procure um atendimento odontológico com urgência.  Para ter maior sucesso na recolocação do dente o paciente deverá chegar ao seu dentista entre meia hora e 2 horas, quanto antes chegar, maiores serão as chances de este procedimento dar certo.

Caso o atendimento seja feito rapidamente, há grande chance de o dentista reposicionar o dente no alvéolo (osso) e fixá-lo aos dentes vizinhos com ajuda de aparelho ortodôntico ou de fios metálicos. Podendo manter o dente no lugar durante muito tempo.

  • Trauma:

Coloque o pedaço do dente quebrado em um recipiente com água ou soro fisiológico, para mantê-lo hidratado e leve-o até o seu dentista o mais rápido possível, para que seja feita uma avaliação a extensão do dano e a possível colagem dos fragmentos do dente.

É importante lembrar aos pais e responsáveis que, em casos de trauma em dentes de leite, o paciente deverá ser avaliado pelo dentista para verificar se houve ou não dano ao dente permanente.

Para prevenir acidentes dentários devemos salientar que, para crianças que praticam esportes, especialmente os de risco devem usar protetores bucais confeccionados por nós dentistas.

 

Artigo de minha autoria escrito para o Blog da Dental Cremer.

 

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